Às vezes você tem na sua coleção um jogo que você quer jogar. Você até promete que vai jogar um dia, mas o coitado do jogo fica lá e nunca é jogado… os motivos para isso são inúmeros. No meu caso, o jogo não foi jogado ainda, até porque eu decidi jogar ele, só que em outra versão.
Parece estranho ler isso, não é? Mas vai acompanhando o texto que logo você vai entender. Clica ai em CONTINUE LENDO
Tela de título |
Vamos do começo então. Emerald Dragon é um RPG original de PC, mas não dos PCs que você está acostumado a usar, ele foi desenvolvido pela Glodia e publicado originalmente em 1989 pela Basho House para o NEC-PC88. no mesmo ano uma versão para o NEC-PC98 foi lançada, também publicada pela Basho House. Entre 1990 e 1992 versões para o MSX2, Sharp X68000 e FM Towns foram lançadas, dessa vez publicadas pela própria Glodia. Todas as versões são basicamente o mesmo jogo, levando em consideração as limitações de cada plataforma, exceto pela versão do FM Towns que por usar CD-ROM como mídia tirou proveito disso trazendo cenas redesenhadas, trilha sonora rearranjada e vozes para os personagens.
Capa do jogo no PC Engine |
Existe uma versão para SNES que foi lançada em 1995, ela foi feita pela Alfa Systems e publicada pela Media Works e é a versão que eu tenho só que eu não joguei…. kkkkkkkk
Uma coisa que se mantém em todas as versões do jogo é a história que ele conta. Aqui temos o seguinte.
Atrushan |
Muitos anos depois é que nós começamos a nossa participação no jogo. Estamos no controle do pequeno dragão azul Atrushan, em Draguria, a terra dos Dragões, vemos no horizonte os restos de um naufrágio, provavelmente vindo de Ishbarne. Um de nossos colegas dragão resgata uma menina. Sem memórias de suas origens ou seu próprio nome, a pequena é batizada como Tamryn pelo líder do clã, o Dragão Branco. Ele ordena aos demais dragões que criem a menina em Draguria já que crianças dragões são raras. Para o pequeno Atrushan isso é motivo de alegria, agora temos companhia.
Tamryn |
Algum tempo depois, Tamryn de fato precisa da ajuda do Atrushan, mas tem um problema, os dragões não podem viver em Ishbarne, assim que ele pisar no solo a vida dele seria sugada em questão de instantes. Com ajuda do Dragão Branco (vovozinho) e um artefato místico, Atrushan se transforma em humano e assim ele pode ir pra Ishbarne… RaDaí em diante é que sua aventura começa de verdade e eu paro de contar a história aqui. Afinal eu acredito que você queira jogar um dia e não vai querer muitos spoilers não é?
Parte de trás da capa |
Essa intro toda é algo que podemos assistir nas versões para computadores do jogo mas na versão de PC Engine parte da introdução é jogada com você no controle do Atrushan, o lado bom disso é que isso nos serve como um pequeno tutorial do jogo, não há punição em combates nem nada até chegarmos em Ishbarne.
Sobre a intro e a história base. Eu simplesmente adorei. Aqui pra mim mora um dos pontos mais legais de Emerald Dragon, a história do jogo é muito boa, é bem a cara de um mangá que eu teria lido facilmente. Fora outros pontos que fazem eu gostar mais ainda, mas eu vou falando disso na medida que o texto for avançando. E o texto vai avançar com a jogabilidade…
Controle padrão do PC Engine |
Antes de falar diretamente de como é a experiência de gameplay eu queria deixar claro que eu não joguei nenhuma versão anterior do jogo, embora tenha visto vídeos tanto de gameplay quanto de review e também li sobre elas. Então não posso afirmar se a experiência no PC Engine é melhor ou pior que alguma delas.
Os controles são bem diferentes do normal. Como estamos no PC Engine temos poucos botões para usar. Direcionais são usados para mover o personagem e selecionar as opções nos menus. O botão I confirma ações enquanto o botão II cancela elas e abre o menu de campo e o de combate. O botão RUN quando pressionado durante a abertura sem chegar na tela de título leva o jogador direto pro último save feito, pulando a tela de load e dentro do jogo no campo serve para que os personagens conversem entre si. Por fim, o botão SELECT abre um menu rápido com algumas opções úteis como ver o mapa de lugares e salvar o jogo. Como dá pra notar, o jogo usa praticamente todos os botões do controle.
OBS: O jogo é compatível com o controle de seis botões do console, caso você tenha um ou configurou o seu emulador para usar esse modelo de controle vai poder jogar numa boa. Os botões I e II serão replicados nos botões V e VI, o botão III servirá pra abrir o mapa diretamente e o botão IV servirá pra fazer os personagens conversar entre si. O restante dos botões segue nas mesmas funções do controle padrão do console.
E eu te pergunto de novo. RPG é mesmo tudo igual? |
Fora dos combates Emerald Dragon é igual e diferente ao mesmo tempo. Aquela fórmula de RPG que você conhece está aqui, você vai andar por aí, conversar com NPCs, comprar itens e etc. Poucos RPGs que eu conheço fogem dessa fórmula. Mas aqui temos algumas diferenças, a primeira delas é como os lugares funcionam. Não temos um mapa com pequenos vilarejos e castelos e dungeons e tal… aqui o “mundo” do jogo é dividido em grandes áreas abertas onde uma cidade simplesmente faz parte do lugar. Você simplesmente vai andar por um caminho, ver as placas indicando a direção de uma cidade ou algum ponto de interesse e pode ir até lá, inclusive vale mencionar que podemos andar em 8 direções, andar na diagonal não é comum em muito RPG antigo. As casas, dungeons e outros lugares que tem uma porta de entrada sim são áreas separadas. É possível ver o mapa da maioria dos lugares no jogo com uma opção, explico melhor quando for falar dos menus, e dificilmente nos perdemos andando no jogo.
As dungeons ainda são áreas separadas do mapa geral |
E por falar em defeitos, Emerald Dragon tem dois grandes, duas coisas que eu realmente odeio em RPGs. Um é o fato de que para conversar com um NPC ou interagir com um objeto ou abrir um baú é só se aproximar e o jogo faz isso automaticamente. Às vezes você está andando e um NPC entra na sua frente, aí acaba conversando com ele sem querer… isso é extremamente irritante. Se temos um botão de ação com o I seria bom usar ele ao invés de nos submeter a tal tortura. O segundo defeito também é relacionado com a movimentação. O jogo tem aquela mecânica de que quando tocamos uma parede o personagem muda de direção sozinho mesmo que não seja a direção que estamos pressionando no controle. Às vezes eu quero revistar algo, esbarro numa parede e o personagem já anda para o outro lado… os caras pegaram pesado nesses dois defeitos pra mim.
Menu de campo padrão |
Agora vamos falar dos menus do jogo. Aperta aí o II e olha pra tela. Temos o seguinte. No lado esquerdo temos o nome do jogo caso você tenha esquecido (Kkkkkkkkkk) e um breve resumo dos personagens na party. Interessante mencionar que podemos ter até 5 personagens de uma vez, mas temos um elenco maior. Apenas Atrushan e Tamryn estarão sempre na party, os demais personagens irão alternando no decorrer do jogo de acordo com o que estiver acontecendo.
Nas opções do menu a primeira é para equipar o seu personagem. Simples e direto, selecione o personagem, selecione o que vai equipar e pronto.
A segunda indo para a direita na seleção é para explicar itens. Parece uma opção meio inútil e de certa forma ela é. Podemos ver o que cada equipamento altera e em quem podemos equipa, só que isso é visto na tela de equipar o personagem. Também podemos ver o que cada item comum faz, só que não. O jogo simplesmente não explica o que itens de cura ou apoio fazem. A única coisa boa que essa opção faz é mostrar os itens importantes e esses têm explicação do que é e o que fazem, só que esses são usados automaticamente. Resumindo, é uma opção inútil.
Atrushan e Tamryn |
A opção de itens é a próxima. Aqui o jogo funciona como Dragon Quest, cada personagem pode carregar uma quantidade limitada de itens, felizmente os itens equipados não ocupam esse espaço. Você pode usar um item nessa tela ou trocar ele com seus colegas de party ou então descartar ele. Por conta da limitação de itens o jogo oferece o sistema de depósito, nas cidades você pode conversar com uma mulher que fica nos INN e ela vai oferecer o serviço de armazenamento de itens. Inclusive todo personagem que sai da party tem seu equipamento e itens mandado automaticamente pro depósito, é interessante sempre olhar o que tem lá pra pegar um equipamento pra outro membro ou um item de cura raro por exemplo.
Por fim temos a opção System, aqui encontramos algumas coisas bem úteis, a primeira é a opção de salvar o jogo. Em Emerald Dragon podemos salvar em praticamente qualquer lugar no campo (tem um único ponto no jogo que a opção é bloqueada) então não economize nos saves. Também encontramos aqui a opção pra carregar um save feito previamente. E por fim as duas únicas opções que podemos configurar no jogo, velocidade de movimentação do personagem no campo e a velocidade do texto sendo exibido durante os diálogos. Recomendo colocar tudo no mais rápido possível.
Personagens conversam entre si. Use sempre que não souber o que fazer |
No menu do botão SELECT vamos ter 3 opções, a primeira é para os personagens conversarem entre si. Ela é bastante conveniente, quando você não sabe o que fazer ou pra onde ir seus personagens vão te lembrar nessa opção. Também vamos ver alguns bons diálogos entre eles com uma boa dose de humor. Existem vários jogos modernos que fazem isso, quem jogou algum título da franquia Tales of provavelmente já conhece a função muito bem.
Visualizando o mapa |
E por fim temos uma opção de salvar o jogo. A mesma está lá no outro menu apenas aqui por conveniência e com um clique a menos.
Como deu pra ver o jogo tem menus simples e nem tudo é realmente funcional, considerando que o jogo original é de 1989 eu diria que ele está bem à frente do seu tempo mas não sei dizer o quanto essa versão manteve do jogo original.
A tela de combate |
Falando sobre os combates agora, já vamos adiantar que os encontros são de forma aleatória, não é abismal pra um RPG antigo e mesmo onde isso parece apelar temos combates relativamente rápidos. O jogo é bem misto, você pode enfrentar um único inimigo e no próximo combate enfrentar 10 de uma vez. Então vamos ver como tudo funciona aqui.
Assim como praticamente todo RPG antigo os combates são por turnos, vamos agir na ordem que definimos naquela opção de ordenar a party no menu, porém o atributo velocidade conta aqui, então se um inimigo for mais rápido do que o personagem seu que está na vez ele vai agir antes. Apesar disso o jogo tenta colocar um elemento de ação permitindo que nos movamos pelo campo de batalha e ao nos aproximar dos inimigos atacamos mas a mesma regra do campo vale aqui. Nada de botão de ataque, é encostar no inimigo o personagem bate.
O layout da tela de combate é bem simples de entender, na esquerda estão os nomes dos personagens e o HP de cada um assim como no menu de campo. No lado direito acima temos o campo de batalha onde vemos nossos personagens e os inimigos e na parte de baixo temos uma janela com a informação contextual. Mais ou menos como nós jogos da franquia Dragon Quest, vamos ver as informações de dano sofrida, o quanto um item curou de HP, o nome das mágicas usadas, entre outras informações.
Nos combates só temos o real controle sobre o Atrushan, os demais personagens serão sempre movidos pela CPU mas a fórmula básica é a mesma para todo mundo, até para os inimigos. Quando estamos na nossa vez de agir vamos ver um número com uma seta amarela em baixo do nosso personagem, esses são os pontos de ação. Cada passo que damos no campo de batalha equivale à 1 ponto e cada ataque consome 4 ou mais pontos a depender da arma equipada. Para atacar o inimigo temos que estar perto dele já que nosso personagem usa espada, mas personagens que equipam lanças podem atacar um pouco mais afastados e os usuários de arco nem precisam andar pra atacar. Lembrando que personagens controlados pela CPU e inimigos jogam pelas mesmas regras, a quantidade de pontos depende do nível do personagem, e nos inimigos varia do tipo, alguns inimigos voadores possuem muitos pontos pra usar enquanto alguns inimigos mal vão andar por possuir poucos. Com os chefes é muito ponto e muitas ações, mas é chefe né?
Tamryn usa magia de cura pra ajudar o Balson |
O jogo não tem sistema de MP, mas magias existem. Personagens como a Tamryn são totalmente voltados para uso de magias tanto de ataque quanto de cura e apoio. O único consumo é o dos pontos de ação, então vamos ver a Tamryn mandando magia até o talo no turno dela, por exemplo. Magias não tem regra de distância e apenas uma magia causa dano por área pegando quem está no caminho. Mas nem tudo é perfeito, o sistema de magia do jogo é conveniente por não ter MP é verdade mas os personagens que usam magia trabalham com um sistema de sempre progredir, por exemplo, a Tamryn aprende várias magias ao longo do jogo, mas ela não vai usar todas, ela vai sempre focar em usar a magia de cura mais forte que ela aprender e a magia de ataque ou buff mais forte que ela aprender por último, ignorando totalmente todo o resto que ela aprendeu antes, e como não temos controle sobre nenhum personagem que usa magia ficamos à mercê dos caprichos da CPU. Um exemplo bem comum dessa palhaçada é a Tamryn usando uma magia que aumenta um atributo mais de uma vez e a magia falhando. Inclusive quando ela usa uma magia demais até rola alguns diálogos bobos na janela de informações, vemos alguns personagens questionar se o buff realmente funcionou ou então a Tamryn desesperada curando o Atrushan que tá morrendo. É um ponto até engraçado pra um defeito tão chato que é o uso inútil de magias.
Capa da versão DEMO do jogo |
Ainda sobre os combates eu tinha comentado que a opção de posicionar os personagens no campo de batalha era muito útil, agora que você tem uma leve noção de como tudo funciona, fica a dica, personagens que focam em combate corpo a corpo sempre na frente, pra tankar dano alto e ser o alvo principal, enquanto personagens que usam arco ou são focados em magia ficam sempre no fundo o mais afastado possível até, a ordem de ação já fica a sua vontade, veja quem faz melhor pra você a ordem de ataque.
Ishbarne |
Ao final dos combates como é praticamente padrão de todo RPG vamos receber EXP e dinheiro, que aqui se chama Pulse, porém o jogo só contabiliza LV pro Atrushan e pra Tamryn, somente os dois recebem EXP e sobem de LV, todos os demais personagens tem um LV fixo que vai aumentando no decorrer da história, só podemos melhorar atributos deles com equipamentos melhores.
Falando em LV subimos extremamente rápido no jogo, mas isso porque passamos do LV 99 que é o padrão de muito jogo, eu mesmo acho que terminei o jogo perto do LV 120.
Ah! Por falar em término de combate se o Atrushan ou a Tamryn caírem é game over, mas os demais membros que estiverem na party podem ir de base que voltam com 1 de HP quando a luta terminar.
Que tal gastar a grana dos combates no cassino. Aqui não é tigrinho... é dragãozinho kkkkkk |
Nos combates temos um menu também, apertando o botão II quando estmos no turno do Atrushan vamos ter 4 opções para usar.
A primeira é pra usar itens, aqui podemos usar itens de cura, para reviver um aliado que caiu, curar status ou alguns itens que servem para atacar inimigos. Temos poucos status pra curar, congelamento, confusão e sleep, todos são recuperados com um único tipo de item. Ah! Os inimigos podem ser acometidos dos mesmos status, incluindo os chefes… até o chefe final do jogo você pode botar pra dormir e espancar ele kkkkkk
A segunda opção é para dar ordens, nela selecionamos um dos nossos personagens controlados pela CPU o que é totalmente inútil, parece que eles não obedecem. Mas o que de fato deveria acontecer é, você escolhe um personagem seu e mostra quem deve ser os alvos dos ataques dele. Poderia até ser útil nos chefes, mas eles já vão atacar o chefe por padrão enquanto você pode limpar os capangas dele. Vendo vídeos sobre as versões antigas do jogo todo mundo diz basicamente a mesma coisa que eu.
A terceira opção é a de fugir dos combates. A menos que os monstros sejam muito mais fortes que você, eu não recomendo fugir das lutas não. Se bem que não vai ser fácil fugir de monstros mais fortes que você… enfim, os combates acabam até rápido, e vamos lucrar com a vitória. Melhor não fugir…
A última opção no menu é a de passar a vez. Com isso a sua única unidade controlável que é o Atrushan vai ficar parada à toa... na verdade ele tá defendendo, vai tomar menos dano.
Chefes nunca vem sozinhos nesse jogo |
No final das contas não tem muito o que fazer nos combates a não ser ir para cima dos inimigos e bater sem dó. Acaba sendo o melhor e você avança mais rápido já que não vai parar muito pra juntar dinheiro e subir de LV atoa. O sistema de combates poderia ser bem melhor se tivéssemos um pouco mais de controle sobre os demais personagens, mas tem piores, acredite, tem jogos que nem o protagonista é controlado. Não curiosamente um deles é feito pela mesma Glodia de Emerald Dragon kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Considerando tudo que eu disse até aqui sobre a jogabilidade eu diria que o desafio do jogo é mediano, mais pro lado do fácil do que do difícil. Avançar a história não é fora da curva, se não souber o que fazer, o jogo te ajuda com vários elementos. A conversa entre os personagens é a mais eficiente mas se notar nos diálogos o jogo destaca com cores elementos importantes como itens pessoas e lugares, isso facilita muito quando estamos conversando com NPCs e queremos informações.
Sobreviver aos combates no começo do jogo é um pouco complicado só com o Atrushan mas é só termos acesso a mais personagens e melhores equipamentos que o jogo anda. Os combates vão ser bem fáceis quando se tem equipamentos e LV na média. Às vezes em um turno todos os inimigos já caíram.
Um ponto legal é que o jogo oferece 3 side quests especiais que ele chama de Sub Scenarios. Elas são pegas em momentos específicos do jogo e não podemos nem prosseguir com o jogo enquanto não completamos elas. Ao invés de exibir a conversa entre membros o jogo passa a exibir uma tela com informações da quest com o nome de quem solicitou, o que é pra fazer e o lugar que temos que fazer. Uma pena serem somente 3, são histórias separadas do jogo principal mas são legais de fazer e as recompensas são muito boas.
Por fim, na jogabilidade e desafio não temos muita coisa pra elogiar. Algumas coisas são bem à frente do seu tempo, como diálogos entre personagens ou então as side quests com informação detalhada. O sistema de combates poderia ser melhor, mas pra um jogo original dos anos 80 tá até bom perto de outros títulos da mesma época. Agora vamos ver um pouco mais do jogo.
O jogo é bonito, dentro das capacidades do console ele não faz feio |
Entrando na parte gráfica temos um jogo bonito mas não espetacular. Ao menos nos gráficos in game.
No campo temos cenários bem coloridos e com boa quantidade de detalhes, e embora vazias as áreas que temos são interessantes de olhar. Não temos efeitos visuais diferentes e como não estamos falando de RPG do SNES nada de Mode 7 aqui kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Os sprites dos personagens no geral são bonitos, são SD como todo bom RPG da época, mas são bem detalhados, mesmo os NPCs não são feios. Alguns momentos o jogo até exibe mais quadros de animação para momentos específicos, não estamos presos ao ciclo de caminhada que é o padrão de RPGs antigos. Até alguns NPCs ganharam algumas animações a mais.
Pena que toda essa beleza não foi parar nos combates |
Agora quando o assunto é visual nos combates… é totalmente o oposto. Geralmente RPGs capricharam mais nos combates, mas aqui foi o contrário. Mais da metade da tela é pura janela de texto, o cenário que você vê no pequeno espaço que o combate acontece é apenas representação, as pedras, árvores ou algo que estiver no caminho não só obstáculos, você ou os inimigos podem andar por toda a área da janela sem limitações exceto passar por cima de outra unidade. Mas o pior definitivamente são os sprites, tanto os nossos quanto dos inimigos. Eles são bem menores que os que aparecem no campo e possuem zero animações além do ciclo de caminhada para os nossos que estão sempre de costas. As magias também não possuem efeitos visuais interessantes, a maioria recicla efeitos e algumas simplesmente chacoalham os alvos para dizer que o efeito surtiu. Acho que não consigo achar nada realmente bom quando olho pros gráficos nos combates. Se o jogo fosse ruim de jogabilidade e tivesse esse combate feio eu nem teria jogado ele.
Cenas animadas são lindas |
Mas os gráficos aqui não se resumem ao básico de campo e combates não. Estamos falando de um jogo em CD ROM então é claro que teremos cenas animadas. E foi exatamente por isso que eu decidi jogar essa versão ao invés da de SNES que eu tenho até o cartucho na coleção.
Mas vamos dar um contexto antes. Pra você que está habituado com o Playstation e o Saturn onde as aberturas e cenas em animes nos jogos parecem ter saído de um anime que você veria na TV no PC Engine CD e no SEGA CD por exemplo, a abordagem é um pouco diferente. Por conta de limitações de hardware, cada um trabalha de uma forma diferente. O SEGA CD geralmente focava em exibir uma animação mais fluida mas sacrificava na resolução e na limitação de cores. Já o PC Engine CD sacrifica a fluidez da animação em favor de resolução e cores.
Até os vilões são estilosos... embora uns FDPs |
Com isso vamos ter em Emerald Dragon cenas com menos quadros de animação, algumas bem estáticas até, porém a qualidade de arte é um espetáculo para quem aprecia anime do final dos anos 80 e início dos anos 90. Eu simplesmente me apaixonei pela arte esse jogo, cada cena animada eu esperava com antecipação só pra ver a arte. Eu gosto muito de desenhar, então quando vejo arte boa fico animado. E nem é só isso, até os retratos nas caixas de diálogos de personagens importantes são bonitos. Se tem um ponto que eu jamais verei defeitos nesse jogo é nas cenas animadas, elas nem precisam ser animadas de fato, só de ter as ilustrações bonitas já me ganharam.
Enfim, os gráficos do jogo são uma verdadeira montanha russa. Temos um começo tranquilo com os gráficos do campo, bem bonitos, com bons detalhes nos cenários e NPCs mas desce com toda a força no momento que olhamos para os combates… e volta a subir quando vemos as cutscenes. Eu não sou de ligar pra gráfico de jogo tanto quanto pra jogabilidade, até porque se fosse dar atenção grande pra gráficos nem teria jogado esse jogo considerando os combates mas eu joguei o jogo só pela arte e não me arrependi.
Bora ouvir música Tamryn? Claro Atrushan, eu amo música boa. |
Mas e o som? Como que um jogo desses é na parte sonora? Eu diria que bem e nem é pelo uso do CD embora seja um bônus aqui. A trilha sonora dessa versão é diferente das versões de computador, ela foi criada com essa versão e não compartilha nenhuma música com as versões originais do jogo, inclusive a OST antiga é muito boa, e essa aqui também é. Temos músicas excelentes aqui, mais de um tema de batalha e várias músicas legais pros momentos importantes do jogo. O jogo não tem toda a trilha sonora feita com sons de CD, ele tem faixas que fazem uso do chip de som FM do console base. Obviamente que as faixas em CD chamam mais a atenção mas as faixas em FM não são ruins não. As músicas do jogo são memoráveis pra mim, eu facilmente vou lembrar delas mesmo ouvindo fora do jogo.
Quer ouvir as músicas do jogo fora dele?
Clica AQUI pra ouvir a trilha sonora original na versão do NEC-PC88
Clica AQUI e depois AQUI pra ouvir a trilha sonora dessa versão do jogo
Já nos efeitos sonoros não temos praticamente nada pra dizer de bom ou ruim… aqui é tudo bem simples e cumpre o papel deles que é fazer barulho no jogo. Essa parte é toda feita pelo chip FM do console, quem é habituado a jogar Mega Drive vai ver as similaridades no estilo de efeitos sonoros.
Poster lindão |
Mas tem outra coisa no jogo que se encaixa na parte do som, obviamente que estamos falando de vozes, afinal, jogo em CD tem que ter diálogos falados não é? Além das cenas animadas, os diálogos importantes do jogo são falados também, o elenco conta com vários nomes famosos do cenário de dublagem japonesa, alguns já falecidos como o Kaneto Shiozawa e o Daisuke Gouri. Como é um elenco já experiente não vamos ter aquela atuação ruim, embora jogos japoneses não sejam famosos pela má qualidade das vozes (mas eu já joguei alguns) e pra mim esse tipo de coisa só adiciona para a experiência de jogo. Boas vozes aumentam a emoção de cenas importantes, sejam elas animadas ou não, esse é um ponto que bem explorado só contribui pro jogo ficar bom. Esse é um detalhe que jogos em CD acertaram desde o começo no PC Engine.
Em som eu diria que o jogo se sai melhor do que nos gráficos, as batalhas deixam muito a desejar no visual aqui. Eu curti muito a experiência sonora do jogo, as músicas são muito boas, os efeitos sonoros ok e as vozes são um ponto extra pra mim. Eu que vejo muito anime antigo reconheci muita voz no elenco do jogo.
Jogo completo |
Depois de jogar ele eu considerei comprar uma cópia mesmo não tendo um PC Engine, pesquisando aqui não achei ninguém vendendo no Brasil então fui olhar no eBay. No geral os preços variam entre 100 e 200 reais (sem contar frete e impostos de importação) por uma cópia completa do jogo, não fossem os empecilhos que nos assolam quando o assunto é importar eu talvez já teria comprado. Vale mencionar que o jogo via emulação rodou tranquilamente, não enfrentei bugs ou travamentos durante o jogo todo.
Infelizmente se você não entender japonês esse aqui vai ficar injogável. Até tem um pessoal traduzindo ele pro inglês mas até onde eu pude ver o projeto ainda não está concluído. Mas não fique triste, você ainda pode conhecer Emerald Dragon pela versão de SNES que tem tradução pro inglês feita por fãs.
Também não vamos ter aqui conquistas pelo Retro Achievements já que o jogo não conta com tradução é praticamente impossível que alguém faça um set pra ele. Mas um dia quem sabe….
Estão traduzindo, mas não sabemos se vão terminar ou não |
Pouca coisa curiosa sobre o jogo mas temos algumas pra mencionar.
Farna e Haslan o casal mais apaixonado do jogo |
A empresa que desenvolveu o jogo a Glodia foi criada por ex-funcionários da Telenet Japan, talvez você se lembre deles por franquias como Valis, embora não sejam os mesmos envolvidos.
Parte dos funcionários da Glodia saíram da empresa e fundaram a Right Stuff, essa talvez você conheça pelo Battle Tycoon do SNES. O primeiro jogo feito pela Right Stuff é um RPG chamado Alshark, ele compartilha muitos elementos de jogabilidade com Emerald Dragon e está na minha lista pra jogar. Quem sabe um dia não vamos ver um texto aqui sobre ele.
Hoje em dia tanto Telenet Japan, quanto Glodia, quanto Right Stuff faliram. E eu me pergunto onde foi parar os direitos de Emerald Dragon…
Apesar de não saber sobre os direitos, eu sei que o criador do jogo Akihiro Kimura planejava uma continuação do jogo que iria se chamar Elemental Dragon.
Embora a continuação nunca tenha acontecido, quando o jogo original completou 25 anos o criador conseguiu com apoio de fãs lançar um radio drama baseado no que seria a história da continuação. Eu queria ouvir esse drama mas nem achei ainda.
Para nós do ocidente pela falta de localização o jogo é praticamente desconhecido mas no Japão ele tem um status cult. Eu mesmo virei fã kkkkkkk
Ostracon cansou de ler, bora terminar logo |
Vamos concluir então? Bora!
Temos aqui um jogo diferente do padrão de muito RPG. Já começa pelo console. Hoje em dia o PC Engine e até sua versão ocidental o Turbografx 16 são bastante populares graças à internet, mas essa realidade era praticamente inexistente nos anos 90 pra nós brasileiros. Você pode até ter lido algo sobre ele em alguma revista de jogos antiga ou por algum milagre conheceu algum descendente de japoneses que teriam o console. E fica ainda mais fora da curva quando vemos como o jogo se comporta de forma diferente de muitos jogos até do final da década de 1980.
O jogo em si não é o melhor e o mais bonito do console em questão, mas a história é muito boa e pra quem quer um RPG que esse ponto vale a pena acompanhar tá aí um bom jogo.
Emerald Dragon era pra mim aquele jogo que estava lá. Peguei pra por na coleção só por causa da caixa e nunca dei muita atenção. Aí vi um amigo jogando a versão de SNES em live e fui pesquisar um pouco sobre o jogo pra ajudar ele. Aí descobri que era um jogo bem mais antigo, encontrei mais informações e vi uns reviews das versões originais. Acabei decidindo jogar a versão de PC Engine só por causa das cenas animadas… me senti naquele meme “Eu vim buscar cobre mas encontrei ouro” kkkkkkkkkkkkkkkkkk
O próximo é com o SNES heim |
Enfim, eu mais que recomendo o jogo hoje, se não dá pra jogar na versão de PC Engine por conta do idioma ou não manja muito de emulador, vai na versão de SNES mesmo que tá em inglês e é mais fácil emular. Tem diferenças entre as versões mas o que importa está lá também.
Eu vou encerrar por aqui mas já mando um spoiler. A próxima análise vai ser Emerald Dragon de novo… agora sim a versão de SNES. Vamos fazer uma boa comparação. Nos vemos lá então? Deixa aí seus comentários e até a próxima.
A história parece muito boa.
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