Se eu jogar água no cartucho, será que ele vira outro jogo? Mas se mudar quer dizer que o cartucho é amaldiçoado. Será que é por isso que temos instruções para não molhar eles na parte de trás? Mas se der ruim é só jogar água quente que ele volta ao normal não?
Essas e outras perguntas não serão respondidas neste texto, mas se você entendeu a referência, ou ficou ainda mais confuso, vem comigo até o final clique ai em CONTINUE LENDO.
Eu sempre vi os jogos baseados no anime Ranma ½ no Super Nintendo como experiências medianas ou ruins. Em especial falando dos de luta… Não há panda de duas cores que me ajude a gostar dos jogos… em partes porque os jogos de luta não são mesmo grandes coisas, mas muito disso também era porque nos anos 90, quando eu joguei eles, eu não fazia ideia nem de que era algo baseado num anime.
Eventualmente eu vi o anime original, que eu gosto muito, e tenho acompanhado o remake também. Mas minha opinião sobre os jogos de luta no SNES não mudou muito. Mas não temos somente jogos de luta…
Se você conhece o anime com certeza vai saber que não estamos vendo um anime shounen comum. Lutas existem aqui mas não são o foco da trama, são apenas um complemento. Ranma é uma comédia romântica com amplo foco no humor e pra adaptar tudo isso num jogo eu diria que um RPG entregaria melhores resultados. E pelo jeito eu tenho razão, afinal Ranma ½ Akanekodan Teki Hihou captura muito bem a essência do anime.
Desenvolvido pela Atelier Double e publicado pela Toho com nome de Rumic Soft, um RPG exclusivo do mercado japonês, foi lançado no ano de 1993.
| Tela de título |
Depois de uma cena com o guia turístico do Jusenkyo, o jogo começa diretamente com a Akane acordando o Ranma de um “jeito carinhoso” para um treino matinal antes de ir pra escola. Quando eles vão tomar o café da manhã um grupo estranho invade a casa e sequestra o pai do Ranma. Depois de andar um pouco no jogo vamos descobrir que o sequestro é obra da Gangue do Gato Vermelho (Akanekodan) e que eles têm sequestrado outros lutadores… E mais uma vez eu paro de contar a história por aqui pra reduzir spoilers.
Apesar de começarmos na cidade onde o anime se passa, o jogo essencialmente acontece em outro lugar que seguindo a lógica do anime deve ser na China. Praticamente todo personagem que apareceu no anime marca presença no jogo mesmo que seja só em um único momento, mas eles estão lá. Nem todo mundo é jogável, mas temos um bom elenco pra controlar. Ao nosso controle temos.
| Elenco jogável do jogo |
- Ranma, obviamente, afinal é o protagonista da obra, né? Aqui temos o personagem equilibrado padrão. Ataque, defesa, velocidade, tudo equilibrado.
- Akane que vem nos acompanhando desde o começo do jogo. Ela não é muito forte mas tem boa defesa e é a especialista em técnicas de cura do jogo. Mas tem a técnica de ataque mais destruidora do jogo… Se você chegar ao LV 99…
- Shampoo também marca presença nos jogáveis. Embora seja de papel e com ataque baixíssimo, ela ganha no quesito velocidade e tem técnicas de suporte bem úteis.
- Ryoga também veio e nem sei como ele não se perdeu no caminho. Se bem que ele se perde… Enfim, aqui temos o personagem tanque. Força bruta, defesa e HP de sobra… e com técnicas poderosas.
- Genma, o pai do Ranma que é sequestrado no começo do jogo se junta à nossa party mais tarde. Ele é uma mistura do Ranma com o Ryoga nos atributos. Viu só? Temos panda aqui também, embora pequeno e ainda com duas cores kkkkkkkkkkkkkkkkkk
- Mousse é o último personagem que podemos controlar. Rápido como a Shampoo e tão forte quanto o Ranma e com técnicas que causam status negativos nos inimigos.
| Parte de trás da caixa |
Com exceção do Ranma, os demais personagens vão mudando ao longo do jogo de acordo com as circunstâncias. Somente quando estamos próximos do final do jogo que vamos poder montar uma party ao nosso gosto.
O elenco presente no jogo é muito bom, escolheram bem quem podemos controlar e podemos ver praticamente todo mundo dentro do jogo, mesmo que seja em um único momento mas todo mundo aparece. A história é original do jogo, não acontece no anime ou no mangá. Mas é facilmente algo que você pode ver como um episódio do anime. Os produtores realmente tiveram um cuidado pra fazer tudo se encaixar na pegada do anime.
| Nossa aventura começa na residência dos Tendo |
Aquela mesma fórmula básica de RPG se faz presente aqui, na real eu diria que temos coisa a menos do que na maioria dos RPGs da mesma época, mas o jogo não foge da proposta. Controle como sempre, direcional movimenta no campo e seleciona as opções nos menus, o A é pra confirmar e o B para cancelar. Apertando X vai pro menu onde em alguns locais os botões R e L vão servir pra alternar entre páginas. E o SELECT que serve para alterar o modo de som entre Mono e Stereo e ajustar a velocidade das mensagens na luta. Fora disso, todos os demais botões do controle meio que são de enfeite.
| Tela de menu |
| Tela de itens |
| Equipando personagem |
| A tela de status mais inútil que você vai ver |
Por fim temos a opção de salvar o jogo. E o melhor dessa opção é que podemos salvar em qualquer ponto. Não faça miséria, se acho difícil salva, se tá em dúvida salva, se quer explorar sem avançar o jogo salva antes…
Eu iria falar dos combates, mas antes vamos explicar um pouco mais sobre a mecânica de transformações. Quem conhece Ranma sabe que boa parte do elenco se transforma em algo quando se molha em água fria, mas é só jogar água quente que eles voltam ao normal. Ranma vira mulher, Shampoo vira uma gata, Ryoga vira um porquinho (P-chan), Genma vira um panda e Mousse vira um ganso.
Dentro do jogo temos que usar os itens Balde e Chaleira para fazer as transformações, não há nenhuma limitação para isso, porém em alguns pontos da aventura isso se faz necessário. Inclusive existem alguns diálogos engraçados quando conversamos com alguns NPCs estando em outras formas.
Nos combates os atributos não são afetados, regra que é presente no anime, afinal não tem como um porquinho ser tão forte quanto um homem.. Mas no jogo os atributos não são afetados, porém as técnicas usadas pelos personagens são bloqueadas para os que viram animais, embora Genma e Mousse tenham técnicas que só podem ser usadas quando estão em forma de animal.
Agora sim, vamos ver como funcionam as batalhas no jogo. Aqui tudo é feito por turnos como grande parte dos RPGs, o que determina a ordem de ação é o atributo velocidade, quando chega a vez de um personagem vamos escolher uma ação no menu, escolher o alvo se for necessário e ele irá executar a ação e passar a vez. Esse modo é bem conveniente, melhor que dos jogos que escolhemos todas as ações e vemos um turno inteiro se desenrolar, digo isso porque sempre podemos mudar a estratégia para sobrevivermos em um combate difícil por exemplo.
Os comandos disponíveis em combate são.
- Atacar, onde vamos causar dano físico com a arma equipada em um alvo selecionado.
- Usar uma técnica especial que varia de personagem para personagem. Aqui temos habilidades de cura com alguns, habilidades para aumentar atributos nossos ou reduzir dos oponentes ou simplesmente causar dano muito alto em um ou mais alvos. Os ataques especiais esvaziam a barra de energia ao lado do HP do personagem, mas ela pode ser recuperada em combate com o uso de itens ou então basta andar fora dos combates que ela se regenera aos poucos, dormir também recupera ela por inteiro instantaneamente.
- Podemos usar itens em combate selecionando a opção indicada para isso. Temos itens de cura, obviamente, mas o jogo também fornece itens voltados para uso em combate que modificam atributos ou causam danos em inimigos, alguns até causam morte instantânea nos alvos (a comida da Akane kkkkkkkkkkkkkkkkkk).
- Defender é meio que auto explicativo não? Seu personagem passa o turno e permanece em defesa até o próximo turno dele. Assim tomamos menos danos ao sermos atacados.
- E por fim temos a opção de fugir dos combates. Como todo bom RPG, ela não vai funcionar quando você mais precisar fugir e você vai morrer… Por isso que eu recomendo salvar sempre kkkk. Ah! Como é padrão, não podemos fugir de combates de eventos ou contra chefes.
Como em todo RPG, se os seus personagens caem em combate é game over, se os inimigos caem você recebe EXP e dinheiro. Os combates não são muito demorados, embora o jogo não seja dos mais rápidos. Caso esteja querendo agilizar os combates contra os inimigos mais fracos, o jogo oferece recurso de auto battle onde seus personagens vão só atacar até que os inimigos (ou eles mesmos) caiam. O legal é como o jogo implementa o recurso. É bem a cara de algo que aconteceria no anime. Olha aí o vídeo demonstrando. Sensacional kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Mas e o desafio? Como o jogo se comporta no quesito dificuldade? Eu achei o jogo bem fácil, alguns combates e chefes dão um trabalho mas nada impossível, alguns personagens tem defesa baixa e isso atrapalha um pouco mas é fácil resolver com equipamentos melhores e subindo uns LVs. Inclusive, subir de LV é algo que o jogo não economiza, dá pra chegar no final do jogo só avançando e estar no LV 70 ou mais. Pra ver a técnica suprema da Akane temos que colocar ela no LV 99, desafio que não foi difícil de fazer ali na dungeon final, eu pegava um LV com cada personagem a cada 5 minutos de grinding. O desafio do jogo também entrega o maior defeito dele, a linearidade. Acho que esse foi o RPG mais linear que eu joguei até o final… foi literalmente avançar e nunca voltar, sem nenhuma side quest exceto botar a Akane no LV 99.
| Ryoga perdido? Temos com certeza |
A jogabilidade tem alguns defeitos nos menus, o desafio é meio fraquinho e o jogo é bastante linear sem muita explicação mas nada disso seria motivo pra se afastar dele. A criatividade dos desenvolvedores ainda merece sua atenção. Tem bastante coisa legal pra ver no jogo.
| Não é um jogo feio... Mas também não é o mais bonito... |
O jogo não entrega efeitos visuais complexos, nem tenta fazer muito uso dos recursos de hardware que o SNES oferece direito. Os sprites de personagens tanto no campo quanto nos combates são muito bons, Você vai reconhecer facilmente todos os personagens do anime que estão presentes no jogo e até a galera criada pro jogo se encaixa muito bem, parece até aqueles episódios de filler do anime kkkkkkkkkkkkkkkkkk
| É simples mas funciona visualmente |
Nos combates, tanto os nossos personagens quanto os inimigos tem quadros de animação, embora poucos por conta de limite de espaço, e até vemos uns inimigos gigantes. Inclusive vamos até o inimigo pra bater neles, nada de golpes no ar como alguns RPGs mais famosos… Só me desanima não ver armas nas mãos dos personagens, equipamos vários tipos de armas, desde luvas até espadas, bastões e nunchakus, mas só veremos os personagens indo dar um soco no oponente. As técnicas especiais no geral são bem próximas do que vemos no anime, ao menos as que os personagens principais usam, já que o jogo criou a grande maioria das técnicas para dar conteúdo usável ao jogador.
| O mapa é ok igual a todo o resto |
Nos cenários, tanto o mapa, quanto cidades, quanto dungeons e os cenários de batalha não tem muita coisa especial não. É tudo bem simples mas não feio. Lugares conhecidos como a residência dos Tendo no começo do jogo, ou o carrinho de Okonomiyaki da Ukyo são facilmente reconhecidos. Eu acharia mais legal ver o jogo se passar na cidade do anime mas entendo que seria mais complicado criar cenários.
O que faltou talvez nos gráficos foram algumas imagens grandes, tal qual outros jogos de Ranma tem, mas é um RPG e não um jogo de luta então esse tipo de coisa é até incomum de se ver. Mas no final das contas os gráficos do jogo são ok pra época dele. Algumas coisas são bem criativas enquanto outras caem num padrão de jogos medianos da época.
| Cartucho |
Na parte sonora o jogo não faz feio não. A trilha sonora parece seguir um padrão que vemos nos outros jogos baseados no anime com uma mistura de um outro jogo produzido pela mesma turma, o Jungle Wars 2, também do SNES e lançado na mesma época. Só tem uma coisa que eu achei meio sem noção. As músicas que tocam nos vilarejos ou então nas dungeons e afins tem um loop muito curto, enquanto o tema de batalha, por exemplo, é muito mais elaborado e tem uma duração até maior que as próprias batalhas. É um contraste meio besta que eu achei ouvindo as músicas durante o jogo. Gosta de ouvir a trilha sonora do jogo mesmo sem jogar? Dessa vez vou ficar devendo porque não achei OST completa :-(
Os efeitos sonoros são ok, no geral temos até poucos sons no jogo todo. Alguns sons das pancadas nas batalhas, sons para golpes especiais, confirmando algo nos menus, o pacote básico e nada mais. Vozes nem pensar, isso é coisa rara em RPG, ao menos colocam balões de fala com os golpes especiais… não é voz mas, ajuda um pouco kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Assim como nos gráficos, a parte sonora do jogo não é digna de prêmio. Tudo dentro da média. Pra quem é bem exigente talvez o jogo não agrade, mas se você é como eu que quer experimentar e curtir o jogo ao menos não vai chamar ele de jogo feio.
Em uma rápida pesquisa achei o jogo pra vender tanto no Brasil quanto importando. Os preços são variados, indo de 100~150 num cartucho loose e 350~400 no jogo completo na caixa. Por conta do meu desgosto com os jogos de luta de Ranma eu não tenho esse na coleção, conheci ele por emulação e até pegar pra jogar mesmo eu ignorava a existência dele. Eu pessoalmente não pagaria os preços do jogo completo, não gosto de pagar preços de jogos de consoles novos em jogos antigos, mas isso é algo meu.
Apesar de ser um jogo exclusivo do Japão, os fãs deram um jeito de traduzir. Temos tradução pro inglês e também para o português brasileiro. Eu jogo em japonês mas esse aqui não é desculpa pra você não jogar heim, está no seu idioma.
E como sempre, se você quer um desafio extra no jogo, ele tem suporte para conquistas no site Retro Achievements, se você tem conta lá pode jogar e pegar seus troféus. Clica AQUI e dá uma olhada no set.
OBS: Se você não conhece o Retro Achievements, assista esse vídeo AQUI e entenda um pouco mais sobre como o serviço funciona.
Não achei nada curioso sobre o jogo pra mencionar, mas uma dúvida fica. Apesar do jogo ter sido publicado pela Toho, a logo que vemos ao iniciar o jogo, Rumic Soft é de alguma forma ligada à autora do mangá? Não achei informações úteis sobre isso. Se ela teve alguma participação direta na produção dos jogos. Se me lembro bem o nome dela até apareceu nos créditos mas é normal quando o jogo tem base em obras de outras mídias creditar autores ou estúdios. Enfim, fica aí a dúvida…
Depois de jogar ele passei a considerar ele um dos melhores jogos baseados em anime do SNES, ainda mais no gênero RPG, a experiência aqui me fez gostar mais dele do que do RPG de DBZ por exemplo, o Super Saiya Densetsu, e olha que eu gosto muito daquele jogo heim, mas é que em termos de jogabilidade o Ranma é mais “ajeitado”.
E eu agora vou encerrar de vez. Como diz um cara que está em todo canto “já falei demais, abraço”. Mas deixa aí o seu comentário e até a próxima.










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