Eu diria que pior que um jogo com localização ruim é um jogo que nunca foi localizado. Decisões malucas de executivos podiam nos deixar no escuro quanto à existência de alguns jogos excelentes que ficaram presos não só ao console mas também a região de origem deles.
O jogo tema deste artigo mesmo é um excelente exemplo disso. O que fizeram aqui foi no mínimo uma bela de uma mancada com os jogadores. Então clica aí no CONTINUE LENDO e vamos conhecer melhor o Mystic Ark.
Imagina o seguinte cenário, você foi criança ou adolescente nos anos 90. Internet era ilusão, jogar jogos de RPG era uma tarefa árdua. Muita gente nem sequer chegava perto dos jogos do gênero. A barreira do idioma era muito grande. Em japonês era praticamente impossível, embora muita gente fosse no modo zero conhecimento. Mas se o jogo estivesse em inglês daria pra jogar melhor, talvez com um dicionário de lado, ou com uma maior popularidade o jogo ganharia um detonado nas revistas da época. E não se esqueça, internet era uma coisa totalmente fora da nossa realidade. Computador mesmo já era algo difícil de se ter contato pra muita gente.
Eu tive a oportunidade de aprender japonês desde criança, isso me facilitou muito a vida com os RPGs. Não ter a barreira de idiomas pra jogar algo é bom Mas por que eu estou escrevendo isso tudo? Simples, é porque se o jogo em questão tivesse sido localizado eu não teria demorado tanto pra conhecer e jogar ele. Mas chega de papo e vamos falar do jogo que é o que realmente importa.
| Caixa do jogo |
Enfim, sabia que o jogo tem uma espécie de “sequência”? Então, e essa “sequência” melhorou vários aspectos que eram incômodos no 7th Saga? E sabia que uma localização oficial foi cancelada pela Enix?
Pois é… em 1995 a galera da Produce, novamente junto da Enix, colocaram no mercado japonês o Mystic Ark, dois anos depois de 7th Saga.
| Parte de trás da caixa |
Para evitar spoilers eu costumo não falar muito do elenco do jogo, mas aqui já podemos ver eles na intro e no manual do jogo, então acho justo falar sobre cada um aqui.
- Remeer the Hero ou Feris the Heroine: nosso herói ou heroína possuem um nome padrão mesmo o jogo oferecendo a opção de nomear eles no início. Ao contrário de jogos como Dragon Quest III ou IV que oferecem a opção de herói ou heroína apenas mudando o sexo, aqui o jogo dá uma outra diferença além do sprite. Remeer tem um foco maior na força física ao invés de habilidade mágica e as magias de ataque dele tem predominância no elemento fogo. Já com a Feris a força física diminui em favor da magia e o elemento predominante é a água. Ambos vão aprender outros tipos de magia para suporte, cura ou modificação de status muitas serão semelhantes porém as da Feris serão melhores no quesito cura. Ambos aprendem as mesmas técnicas.
- Miriene the Witch: uma dançarina que é especializada em magias de ataque. Miriene possui pouca força física e defesa mas consegue causar altos danos com duas magias, só não conte com ela para magias de cura embora ela até tenha uma. Fazendo uso de suas habilidades como dançarina ela tem técnicas que causam status negativos no inimigos.
- Reeshine the Grappler: a personagem totalmente voltada para ataques físicos. Extremamente forte e com defesa alta, é a única personagem do jogo que não tem MP e não usa nenhum tipo de magia. Ela tem uma técnica de ataque que talvez seja a mais forte do jogo. Causa dano altíssimo até nos chefes.
- Lux the Tetsujin: assim como no 7th Saga, aqui temos os robôs também. Lux é o tanker do jogo. Defesa alta e muito HP, mas sua força física não deixa à desejar também. Suas magias são armas a laser ou bombas de plasma, coisas comuns entre armamentos de robôs na ficção.
- Tokio the Ninja: todo mundo gosta de um ninja não é? Seu foco é na velocidade, ele consegue atacar antes de muitos inimigos com facilidade. Embora seu ataque e defesa sejam medianos, ele compensa isso com boas técnicas e uma variedade bem conveniente de magias.
- Kamiwoo the Ogre: o diabão do jogo é forte. Equipe um bom machado nele e veja o estrago acontecendo. Além de ser forte ele ainda conta com excelentes magias de ataque e técnicas. Um dos melhores personagens para usar.
- Meisia the Priestess: Não podia faltar uma healer no jogo, não é? Meisia é totalmente inútil quando o assunto é dano físico. Mas ela se garante na magia. Além de uma vasta seleção de magias de cura, ela conta com algumas de suporte e até de ataque. Suas habilidades também são muito úteis, ela consegue colocar quase todos os monstros normais do jogo pra dormir com uma boa taxa de sucesso e também consegue regenerar o próprio MP o que é muito útil.
| Escolhendo uma heroína no começo você joga com a Feris |
Mas como padrão começo pelos controles. Se você jogou algum Dragon Quest do Super Nintendo é bem provável que o esquema de controle seja familiar para você. O direcional faz o de sempre, movimenta o personagem no campo e nos menus é como você navega entre as opções. O botão A no campo vai abrir o menu, mas ele também serve para confirmar opções nos menus e no combate. O botão B é o botão de cancelar. O X serve como o botão de ação, ele é o que você usa pra revistar as coisas ou conversar com os NPCs ao invés de usar as opções para isso dentro do menu. Y e R não fazem nada junto do SELECT. O L tem a mesma finalidade do botão X, conveniente para jogar com uma mão. O START não faz nada no jogo mas você vai apertar ele pra pular a intro e ir pra tela de título.
Agora que você conhece os controles, aperte A aí pra vermos o menu. É onde muito se faz, até demais eu diria. O que temos no menu é o seguinte.
- Search/Talk: essa primeira opção serve para fazer o que o botão X e L fazem. Não é muito diferente do que o 7th Saga já fazia (lá o botão de ação é quem faz falta) e é totalmente parecido com o que Dragon Quest fazia na época.
Item: Com os itens temos um sistema parecido com Dragon Quest também. Temos uma quantidade de itens que podem ser carregados por cada personagem em separado e os equipamentos de cada um ocupam espaços também. Embora Remeer/Feris tenha 4 vezes mais capacidade do que os demais personagens isso tem um motivo, somente ele pode carregar itens importantes, inclusive eles não podem ser descartados ou vendidos. O menu de itens tem um submenu que traz as seguintes opções. Usar o item, onde podemos usar um item qualquer no campo. Podemos usar itens de personagens livremente mesmo que eles não estejam na party ativa. Equipar onde podemos equipar armas e armaduras que compramos ou achamos nos nossos personagens. Vale mencionar que para equipar algo em um determinado personagem ele deve estar de posse do item. Transferir um item entre os personagens. Descartar um item para liberar espaço. Organizar os itens, aqui o jogo faz esse favor de colocar os itens em uma ordem para facilitar a localização e uso. Explicar a finalidade de um item, o que poderia ser uma legenda quando passamos o cursor por um item. Mas não vamos reclamar não, a função funciona e fornece informações sobre cada item.Gerenciando itens - Magic: opção dedicada ao uso de mágica no campo, aqui vamos poder usar as magias dos personagens na party ativa. Também temos uma opção semelhante a dos itens que serve para explicar a funcionalidade de cada magia. Como em Mystic Ark as magias tem nomes mais comuns como Heal, Cure, Fireball e etc muita magia é bem auto explicativa pelo nome, mas na dúvida essa opção vai te ajudar.
Conferindo os status
do monstro capturado - Monster: Aqui podemos gerenciar os monstros que capturamos (Pokémon é você?) usando a habilidade Figure do Remeer/Feris nos combates. Assim como fomos transformados em um boneco de madeira no começo do jogo, podemos fazer o mesmo com monstros para usar em um minigame de arena de batalha com apostas. No menu podemos ver os status dos monstros capturados, ordenar eles ou descartar algum para liberar espaço.
- Status: serve para ver os status dos personagens, estando eles na party ativa ou não. E também é onde podemos configurar o combate automático. Podemos definir rotinas para a CPU controlar os personagens, desde o Remeer/Feris aos demais. E eu nem mexi com essa opção, não gosto de deixar na mão da CPU as minhas decisões, já sofri demais com isso no Emerald Dragon do SNES Kkkkkkkkkkkkk
Ark: última opção do menu. Aqui vamos gerenciar a força misteriosa conhecida como Ark, que é o nosso objetivo primário no jogo encontrar as 7 disponíveis. As Arks tem uma função importante, é com elas que podemos transformar as figuras dos demais personagens em membros da party ativa, também podemos fundir elas em equipamentos para adicionar dano extra ou proteção. Apenas as Arks da força e da sabedoria podem ser usadas para trazer vida aos personagens, as demais vão usando aí e veja a melhor combinação para você. A tela das Arks tem três opções. A primeira é onde vemos informações de cada Ark. Aqui podemos ver onde colocamos elas, se num personagem ou em um item ou equipamento. Embora seja possível ver na tela de itens onde uma Ark está pelo símbolo ao lado do nome do item. A opção mais importante, a de infundir um objeto com uma Ark. É aqui que vamos trazer um personagem para party ou dar aquela “tunada” nos equipamentos. Você escolhe uma Ark e em seguida o item que vai infundir ela. A terceira e última opção é para remover uma Ark de um objeto, por exemplo, se você tem a Ark de fogo numa espada e quer colocar a de luz no lugar, tem que remover a de fogo antes. E é nessa opção que você faz isso.Tela das Arks
E o menu acabou… não temos uma tela de configurações no jogo. Nada de alterar velocidade de movimentação, ou do texto, nem trocar som de Mono pra Stereo. Mas o menu embora um pouco engessado ao menos oferece opções bem convenientes. A parada de explicação não precisava ser separada nos itens e magias, podia ser uma legenda na tela ao passar o cursor pelo item ou magia, mas ao menos não te deixam no escuro sem saber o que faz o que. A parte de equipar também podia ser um pouco melhor mas já vi piores. No geral podemos dizer que melhoraram muito o que tínhamos em 7th Saga numa comparação.
Você já conhece o menu de campo então precisa conhecer o campo. Aquela tal fórmula básica de RPG tá aqui também, mas o jogo deu uma “temperada” nela. A primeira coisa que vamos falar é sobre o cristal. O primeiro item que ganhamos de fato é um dos mais importantes. Esse cristal tem duas funções importantes, a primeira delas é similar ao que tínhamos no 7th Saga, um radar que exibia a posição dos inimigos em lugares onde havia a presença deles. Aqui tudo se manteve nesse ponto, inclusive vale mencionar que embora o radar nos passe a sensação de que podemos evitar combates isso é uma meia verdade. O jogo trapaceia e faz inimigos brotarem exatamente na sua frente ou em lugares que evitar um combate seria impossível. Fora a safadeza de entrar em combate assim que trocamos de área, antes mesmo do efeito de fade in da tela mostrar o novo mapa.
A outra função do cristal é o teleport. No jogo só podemos salvar nas estátuas douradas ou então em locais que servem de INN. Esses lugares ficam registrados para teleportar usando o cristal na tela de itens. Podemos fazer isso no mapa dos mundos ou nas áreas que não há presença de monstros em dungeons, geralmente onde a estátua dourada está.
E por falar em mundos, é assim que o jogo funciona. O santuário da ilha deserta é uma espécie de hub onde podemos ir para mundos diferentes onde vamos buscar as Arks. A forma com que vamos para esses mundos é um dos pontos legais do jogo. Revistar objetos nos cenários do jogo é bastante importante, você provavelmente vai notar isso logo no começo mexendo com os objetos no santuário. Alguns objetos abrem uma tela exibindo o objeto em detalhes e teremos opções para interagir com eles, desde olhar, bater, tentar abrir e coisas do tipo, a usar itens ou uma Ark. Isso lembra um pouco aqueles jogos de aventura tipo Snatcher. Essa mecânica é muito usada no jogo, então não deixe de ser curioso. Você vai encontrar muita coisa pra interagir.
Conversar com NPCs também é muito importante nesse jogo. Muitos deles têm mais de um diálogo e fornecem informações úteis. Inclusive os vendedores nas lojas conversam com você se você abordar eles pelo outro lado do balcão. Alguns NPCs até vão oferecer uns puzzles para você resolver em troca de recompensas ou para avançar com a história, até fiz piada dizendo que o jogo tava tentando ser Resident Evil com tanto vai e vem, puzzle, pega chave aqui pra usar ali e tal.
O que me prendeu ao jogo foi essa interatividade com o campo. Depois de uns RPGs lineares ou com pouca coisa pra interagir, essa mudança de ambiente foi muito bem vinda. Cada mundo tem a sua história e não há ligação entre eles exceto pelo santuário como hub. Mesmo assim, o jogo ainda te dá a possibilidade de resolver algo em um mundo voltando à um outro previamente visitado. Pra quem gosta de pensar um pouco mais enquanto joga, esse é um ótimo jogo.
| É hora de lutar pela sua vida!! |
Nos combates o jogo vai ser mais conservador do que no campo mas o sistema de combates aqui não deixa a desejar não. É bem simples de pegar o jeito e funciona super bem. Os combates são por turnos, o que não é nenhuma novidade, igual eram no 7th Saga mas aqui temos um sistema um pouco diferente. Só podemos usar 3 personagens em combate, tanto que apesar de termos 6 personagens fora o protagonista, sempre vamos poder usar apenas 2 deles por vez. Quando um combate se inicia vamos poder escolher quem fará o primeiro movimento, basta selecionar o personagem e apertar A aí um menu vai se abrir com as opções disponíveis.
- Fight: é a opção pra lutar, aí vamos ter a opção pra atacar fisicamente com uma arma equipada, usar uma técnica específica de um personagem onde cada um vai ter as suas, inclusive defender um ataque é uma técnica e nem todo mundo pode fazer isso. Também é aqui que vamos encontrar a opção de fugir dos combates, o que funciona razoavelmente bem nesse jogo e às vezes se faz necessário quando queremos andar e os inimigos não deixam.
- Item: é exatamente a mesma coisa que temos no menu de campo com todas as opções relacionadas disponíveis, só tem a limitação de termos apenas os itens dos personagens que estão no combate o que é perfeitamente compreensível.
- Magic: a opção de usar magia replica a mesma opção do menu de campo. O diferencial está nas regras. Agora as magias de ataque e suporte são usáveis já que elas são pra usar em combate. Inclusive além de usar podemos ver explicação das magias igual no menu de campo.
- Status: o nome fala por si. É pra ver os status do personagem. Igual no menu de campo.
- Auto Battle: e por fim a opção de ativar ou não os combates automatizados, aqui você vai poder ativar os modos pré configurados no menu de campo pra um ou todos os personagens de uma vez ou desativar eles caso queira assumir o controle de volta. Como eu disse antes é uma opção que eu ignorei por completo porque não gosto disso em jogos.
As regras dos combates são simples de entender, se os inimigos caírem, fugirem ou forem transformados em figures o combate acaba com a sua vitória, você vai ganhar EXP e Gold somente por inimigos derrotados, porém tanto seus personagens ativos quanto os que estão em segundo plano vão poder subir de LV com a EXP ganha. Alguns inimigos também vão dar itens, desde os de uso comum a equipamentos, se você não achar eles úteis é sempre bom vender pra fazer uma grana extra já que itens vendidos nesse jogo rendem mais da metade do valor de venda padrão.
Se um personagem que você trouxe pra party com Ark cair no combate ele voltará a ser uma figure e irá ser transportado de volta pro santuário automaticamente. Pra pegar ele de volta você terá que voltar lá e pegar a figure no lugar onde ela estava inicialmente. Se o Remeer ou a Feris caírem é game over na hora.
Quanto ao desafio, o jogo não é dos mais fáceis. Nada hardcore mas uma coisa é muito importante no jogo, atenção. Se não prestar atenção no que NPCs dizem você pode se perder, fora que nem sempre o que eles dizem é claro o bastante, às vezes é bom memorizar onde você esteve e algo diferente por lá, volta e meia você vai voltar pra algum lugar visitado antes pra pegar algo ou fazer alguma coisa diferente. Os combates vão depender muito do lugar e do monstro, alguns monstros são bem apelões e causam um dano alto, as magias do jogo costumam falhar bastante em acertar o alvo, mas quando acertam dependendo do personagem vai doer. Esse definitivamente não é um jogo que vai te fazer avançar simplesmente apertando A e batendo nos inimigos. Uma boa dose de estratégia vai ser necessária em combates. Mas fique tranquilo, você só vai tomar game over de fato se der muita mancada em combate, eu mesmo não tomei nenhum jogando na boa.
O jogo não oferece muito no campo das sidequests, mas tem uns minigames pra aproveitar sua habilidade de transformar monstros em figures, nesse lugar você ganha pontos que podem ser trocados em itens. Também tem alguns momentos em que podemos pegar uns itens durante a aventura que vão nos ajudar a desbloquear outras coisas ao longo do jogo que não fazem parte direta da aventura principal.
Enfim, a jogabilidade como um todo é boa, temos mecânicas interessantes, bastante foco na exploração e desafio bom pra quem não quer moleza mas também não quer sair xingando atoa. Eu diria que o jogo é um cadinho lento, com movimentação meio arrastada, o que cansa um pouco mas se você não tem pressa é só apreciar.
E por falar em apreciar, os gráficos do jogo são um ponto pra lá de positivo. O jogo é muito bonito. A qualidade visual não fica só na caixa e no manual não. Inclusive o jogo traduz bem a belíssima arte deles em pixels.
O campo é bem colorido e detalhado, temos uma boa variedade de ambientes para explorar ao longo do jogo. A ideia de ter 7 mundos para explorar traz uma boa quantidade de cenários diferentes para ver, e mesmo o que é comum entre eles é agradável de olhar. O jogo até brinca com algo que era mais comum na geração seguinte de consoles, os cenários pré -renderizados. Aqui temos poucos desse tipo, mas fizeram alguns bem bonitos.
Os sprites são bonitos, tanto personagens quanto NPCs são bem legais. Mais uma vez a variedade é grande por aproveitar a ideia de vários mundos para visitar. Mas nem tudo são flores aqui. Temos apenas um ciclo de caminhada no melhor estilo Dragon Quest. O jogo não se dedicou para trazer outras poses nem nada, o que é até decepcionante perto de muitos RPGs mais famosos.
Também temos as telas com destaque para objetos que vamos interagir ou os minigames, aqui temos alguns visuais bem legais, alguns objetos são até animados ou mudam a aparência de acordo com o que fazemos, é algo legal pra adicionar na variedade visual.
Nos menus temos um visual simples, ao menos temos retratos dos personagens com a arte do manual na tela de status. Além de uma tela bem bonita para gerenciar as Arks.
| Monstros bem desenhados marcam presença |
Nos combates o jogo não faz feio no visual também, nossos personagens ficam de costas pra tela, igual era no 7th Saga e os inimigos de frente pra nós. Os sprites são bem grandes e detalhados para ambos, nada de bonequinho SD aqui. Temos monstros gigantes também. E com um mais um plus. Nada de monstros e personagens estáticos aqui. Temos animações pra deixar tudo mais bonito.
As magias em combate variam de coisas simples quando é pra curar ou movimentar status para animações grandes quando são de ataque. Temos algumas pra cobrir a tela com efeitos visuais, usando bastante efeitos de transparência e provavelmente aproveitando o Mode 7 que não tem nos mapas nesse jogo também kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Pra não falar que tudo é lindo nos combates eu diria que os cenários vão pro lado muito simples e até repetitivo. Temos um plano que parece uma espécie de mesa de madeira e um fundo que representa o local, tipo um céu para áreas abertas, uma floresta, ou paredes de pedra, etc… não é que sejam feios, mas é a parte mais simples da coisa toda. Acho que a ideia da mesa de madeira é pra lembrar que estamos controlando bonecos de madeira transformados em gente, sei lá, foi a impressão que eu tive.
E por fim temos um outro ponto legal, algumas cutscenes. Não é sempre que vemos filminho no SNES, mesmo que duram somente alguns segundos… mas o pouco que o jogo tem é bonito também, dá pra ver que o time que trabalhou os gráficos aproveitaram bem o pouco que dava pra fazer nesse quesito.
Gráficos não são mais importantes do que jogabilidade e diversão. Mas Mystic Ark merece destaque pelo visual. Não tem como jogar o jogo e não reparar no visual. RPGs são jogos muito complexos e nem sempre os desenvolvedores conseguem fazer a parte visual tão rica em detalhes, a limitação de hardware e armazenamento é um ponto importante à se observar.
E ainda não satisfeitos, os caras mandaram super bem na parte sonora. As músicas do jogo são maravilhosas, do tipo que você ouve no jogo e quer ouvir depois separado, igual você faz com a de outros jogos famosos. Temos uma boa variedade de músicas, umas 3 só pra batalhas comuns fora chefes, em alguns lugares o jogo usa som ambiente como é florestas, eles até tentam brincar com efeitos de reverb, usando eco em cavernas. Considerando as últimas análises que eu fiz aqui no blog, Mystic Ark leva com folga o título de melhor trilha sonora, não que os demais sejam ruins, é que o capricho aqui é um nível acima.
Gosta de ouvir as músicas dos jogos que você joga?
Clique AQUI e escute a trilha sonora de Mystic Ark versão direto do jogo ou AQUI pra ouvir a trilha sonora lançada oficialmente em CD.
Nos efeitos sonoros o jogo também traz uma boa experiência. Nada irritante ou esquisito. O jogo até faz uma gracinha aqui e ali com samples gravados de coisas reais para algumas situações. É meio abafado, não se pode contar com coisas incríveis quando se trabalha com cartuchos limitados, mas tá lá. Só não vamos ter vozes no jogo, mas na real nem esperava isso por aqui…
No final das contas o jogo colocou muito conteúdo em pouco espaço. A parte sonora é tão boa quanto a parte visual. Não tem como dar errado com a trilha sonora aqui. 7th Saga já tinha uma trilha sonora boa, mas aqui elevaram o nível.
Aí você leu até aqui, achou tentador ter o jogo na sua coleção. Pois bem, pesquisando aqui não achei nada pra vender no Brasil então vamos recorrer à importação. No ebay é possível encontrar cópias loose por valores entre 100~150 reais e completos com caixa e manual por 150~300 reais. Lembrando que esses valores mudam conforme a cotação da moeda estrangeira que eles estejam sendo vendidos e também não estou considerando valores de frete e eventuais taxas de importação. Eu já consegui o meu felizmente, completinho, consegui comprar no Mercado Livre numa época em que era possível encontrar jogos antigos por precinhos bem legais. Comprei junto o Elnard, o 7th Saga japonês também completo.
O jogo foi lançado só no Japão como eu já disse lá no começo do texto. Mas a Enix americana na época chegou a começar um projeto de tradução do jogo. Ele iria inclusive receber o nome de 7th Saga II por conta das semelhanças entre os jogos. Não achei motivos reais pro cancelamento mas dizem que não foi só porque o SNES estava no fim da vida mas também porque decidiram dar foco em um jogo ocidental, o King Arthur & the Knights of Justice ou algo assim… que foi um fracasso comercial diga-se de passagem. Felizmente hoje em dia podemos contar com o trabalho dos fãs, não é? Pra você que não manja do japonês o jogo está totalmente traduzido para o inglês desde 2009 graças ao trabalho dos fãs. É possível jogar numa boa até mesmo num Super Nintendo caso você tenha um flashcart.
Eu fui procurar se alguém se dedicou a fazer uma tradução para o português brasileiro e até tinha um pessoal tentando, mas parece que o projeto não vingou. Joga em inglês aí, não é português mas já é mais fácil de entender do que o japonês heim.
E é claro que eu fui lá olhar, e sim, pra você que está afim de um desafio à mais no jogo, a galera do Retro Achievements tem um set de conquistas para o Mystic Ark. Eu não sou usuário do serviço, mas fica aqui meus cumprimentos para a autora do set, ela manda super bem no carinho com jogos perdidos pelo tempo e pela barreira do idioma.
Confira o set de conquistas do jogo clicando AQUI.
E se você não conhece o RA e quer saber mais sobre, assiste esse vídeo AQUI
Agora bora falar algumas coisas interessantes?
- O design de personagens bem como as artes da caixa e manual são feitas pelo Akihiro Yamada, o cara desenha demais. Você consegue encontrar o trabalho dele em outro RPG desconhecido do SNES, o Ancient Magic Bazoe Mahou Sekai, também no Front Mission 3 e Saiyuki Journey West, esses do Playstation. Em animes ele desenhou personagens para RahXephon e Juuni Kokuki.
- O design de monstros também não é nada mal e é assinado pelo artista Hitoshi Yoneda. Já viu a capa japonesa de Phantasy Star II do Mega Drive? Então é ele quem desenhou. Ele também tem artes na capa de Sorcerian, também do Mega Drive (arte linda) e alguns jogos de Playstation como Silent Bomber e o maravilhoso Vandal Hearts.
- Tanto o Yamada quanto o Yoneda tiveram envolvimento com a adaptação em mangá de Record of Lodoss War, os caras só fizeram coisa boa mano. Não à toa Mystic Ark é um espetáculo visual.
- Apesar de não terem nenhuma ligação aparente, Elnard/The 7th Saga, Brain Lord e Mystic Ark pertencem a uma mesma franquia.
- O nome sugerido para o protagonista de Brain Lord é Remeer… coincidência não? Kkkkkkkkkk
- Tem mais um jogo na franquia. Mystic Ark Maboroshi Gekijou lançado em 1999 para o Playstation, só que esse não é RPG, está mais pra um jogo de aventura em 3D. Ele é bem bonitinho e mantém a arte do Akihiro Yamada. Apesar de eu ter o jogo, não joguei muito até hoje. Acho que agora preciso jogar depois de conhecer o Mystic Ark pra ver o quanto eles têm em comum.
- A Produce, que desenvolveu o jogo, também fez alguns títulos que muita gente gosta no SNES. Entre eles estão o Super Adventure Island e os Super Bomberman 1, 2 e 4, todos publicados pela Hudson Soft. Infelizmente o último jogo produzido por eles foi em 2002 no Playstation. Desde então eles são história.
Hora de fazer uma conclusão e encerrar o texto… Senhoras e senhores, vocês estão diante de um dos melhores RPGs já lançados no Super Nintendo. Se o 7th Saga que é bem mais arcaico conquistou uma boa base de jogadores, Mystic Ark tendo sido localizado pela Enix na época provavelmente teria conquistado muito mais. É um RPG bastante polido, com ótima história, gráficos e sons. Tem algumas peculiaridades na jogabilidade mas nada que quebre a experiência. Para quem aprecia exploração e puzzles, além de um desafio bom nos combates, o jogo entrega tudo isso muito bem.
Me atrevo a dizer que o jogo é tão bom que estaria facilmente em alguns top 10 melhores RPGs do Super Nintendo de muita gente se tivessem jogado ele na época. Eu que joguei só recentemente já coloquei ele numa boa posição entre meus jogos favoritos. Na lista dos 100 melhores RPG no canal SnesTalgia ele ficou na posição 50, vocês podem conferir o vídeo abaixo:
Mas e você? Já conhecia? Jogou? Tem interesse? Comentários abertos para você que tem algo pra dizer. E eu vou me despedindo novamente, a próxima análise não vai ter spoiler aqui mas até lá.












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